Textos

O candomblé é religião de origem africana?


Os fundamentos do candomblé e da umbanda, principais religiões chamadas de afrodescendentes, têm origem no animismo, que é a crença na existência dos espíritos ancestrais cultivada pelos africanos autóctones, como vimos na aula 2 da disciplina Literaturas Africanas de Língua Portuguesa. No entanto, o animismo não é uma religião. Com a chegada dos africanos escravizados ao Brasil, muitas festas tradicionais desses povos, algumas de cunho nacionalista, foram confundidas pelos colonos com festas religiosas e, consequentemente, proibidas. Surge, então, um sincretismo que mescla: figuras ancestrais africanas, sendo algumas lendárias e outras reais; fundamentos animistas; relação com a natureza; e, finalmente, figuras e ritos católicos. Daí se originam o candomblé e outras vertentes da mesma raiz religiosa, além de festas populares, como a de Nossa Senhora do Rosário, em Minas Gerais. Os africanos são, em sua maior parte, cristãos ou muçulmanos.

Os fundamentos do candomblé e da umbanda, principais religiões chamadas de afrodescendentes, têm origem no animismo, que é a crença na existência dos espíritos ancestrais cultivada pelos africanos autóctones. No entanto, o animismo não é uma religião.

Com a chegada dos africanos escravizados ao Brasil, muitas festas tradicionais desses povos, algumas de cunho nacionalista, foram confundidas pelos colonos com festas religiosas e, consequentemente, proibidas. Surge, então, um sincretismo que mescla: figuras ancestrais africanas, sendo algumas lendárias e outras reais; fundamentos animistas; relação com a natureza; e, finalmente, figuras e ritos católicos. Daí se originam o candomblé e outras vertentes da mesma raiz religiosa, além de festas populares, como a de Nossa Senhora do Rosário, em Minas Gerais.

Os africanos são, em sua maior parte, cristãos ou muçulmanos.

******************************************

PRANDI, Reginaldo. O candomblé e o tempo: concepções de tempo, saber e autoridade da África para as religiões afro-brasileiras. Revista Brasileira de Ciências Sociais, v. 16. n. 47, p. 44, out./nov. 2001.

"O candomblé é a religião dos orixás formada na Bahia, no século XIX, a partir das tradições dos povos iorubás, ou na-gôs, com influências de costumes trazidos por grupos fons, aqui denominados jejes, e residualmente por grupos africanos minoritários. O candomblé iorubá, ou jeje-nagô, como costuma ser designado, congregou, desde o início, aspectos culturais originários de diferentes cidades ioruba-nas, originando-se aqui diferentes ritos, ou nações de candomblé, predominando em cada nação tradições das cidades ou região que acabou lhe emprestando o nome: queto, ijexá, efã (Silveira, 2000; Lima, 1984). Esse candomblé baiano, que proliferou por todo o Brasil, tem sua contrapartida em Pernambuco, onde é denominado xangô, sendo a nação egba sua principal manifestação, e no Rio Grande do Sul, onde é chamado batuque, com sua nação oió-ijexá (Prandi, 1991). Outra variante iorubá, esta fortemente influenciada pela religião dos voduns daomeanos, é o tambor-de-mina nagô do Maranhão. Além dos candomblés iorubás, há os de origem banta, especialmente os denominados candomblés angola e congo, e aqueles de origem marcadamente fom, como o jeje-mahim baiano e o jeje-daomeano do tambor-de-mina maranhense.

Foram principalmente os candomblés baianos das nações queto (iorubá) e angola (banto), que mais se propagaram pelo Brasil, podendo hoje ser encontrados em toda parte. O primeiro veio a se constituir numa espécie de modelo para o conjunto das religiões dos orixás, e seus ritos, panteão e mitologia são hoje praticamente predominantes. O candomblé angola, embora tenha adotado os orixás, que são divindades nagôs, e absorvido muito das concepções e ritos de origem iorubá, desempenhou papel fundamental na constituição da umbanda, no início do século XX, no Rio de Janeiro e em São Paulo. Hoje, todas essas religiões e nações congregam adeptos que seguem ritos distintos, mas que se identificam, nos mais diversos pontos do país, como pertencentes a uma mesma população religiosa, o chamado povo-de-santo, que compartilha crenças, práticas rituais e visões de mundo, que incluem concepções da vida e da morte. Terreiros localizados nas mais diferentes regiões e cidades interligam-se através de teias de linhagens, origens e influências que remetem a ascendências que convergem, a maioria dos casos para a Bahia, e que daí apontam, no caso das nações iorubás, para antigas e, às vezes, lendárias cidades hoje situadas na Nigéria e no Benim."
 
Referências
 
PRANDI, Reginaldo. O candomblé e o tempo: concepções de tempo, saber e autoridade da África para as religiões afro-brasileiras. Revista Brasileira de Ciências Sociais, v. 16. n. 47, p. 43-58, out./nov. 2001.
Sílvia Mota a Poeta e Escritora do Amor e da Paz
Enviado por Sílvia Mota a Poeta e Escritora do Amor e da Paz em 21/06/2020
Alterado em 05/04/2021
Copyright © 2020. Todos os direitos reservados.
Você não pode copiar, exibir, distribuir, executar, criar obras derivadas nem fazer uso comercial desta obra sem a devida permissão do autor.


Comentários


Imagem de cabeçalho: jenniferphoon/flickr