Textos


Mundo bipolar

 

Sou tempestade e súplica,

alvorada e labirinto.

Num só instante, transbordo

e recolho o infinito.

 

Sou dos extremos fatais —

nos cumes do riso falácia,

danço com deuses vadios

e, no abismo da angústia,

converso com sombras e ais

que reconhecem meu nome.

 

Minh'alma é feita de ciclos

que nenhum calendário decifra.

Sou verso que arde e congela,

girassol que gira sem sol.

 

Há em mim um relâmpago,

sem grito de raio estridente,

desnudado no silêncio

do passarinho azulão,

o qual insiste em cantar

no nevoeiro da mente,

que não busca afinação.

 

Não me cure — me escute.

Não me corrija — me acolha.

Há beleza na desordem

desse mundo desordeiro,

feito de lua e de sol,

de dourado, preto e luz.

 

Mas, se um dia talvez,

o meu olhar verdejante

esconder a esperança

e parecer mui distante,

saiba que estou inteira…

apenas viajo pelos véus

dos céus que a maioria

não ousa tocar, por mortal.

 

Sou um mundo tão profundo,

que não cabe neste mundo.

 

Sílvia Mota

Poeta e Escritora do Amor e da Paz

Rio de Janeiro, 4 de agosto de 2025 - 5h13

Sílvia Mota a Poeta e Escritora do Amor e da Paz
Enviado por Sílvia Mota a Poeta e Escritora do Amor e da Paz em 09/08/2025
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